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Memórias do escritor prodigioso
Resumo
[Início do texto]
Lembro-me de ser verão e de partir para o sul. Quando as aulas terminavam, apanhava um barco e depois o comboio, horas e horas que pareciam uma eternidade até chegar a Faro onde a Guida e a mãe dela estavam à minha espera. Íamos para Olhão. A casa onde viviam era de um só piso, caiada de branco, porta e janelas de madeira, um lugar fresco e familiar onde o verão parecia interminável.
Um dia, em setembro, era tempo de regressar a casa. Foi assim até entrar para a faculdade. A partir daí os verões tornaram-se mais pequenos e a vida apresentou-se de outras maneiras e com outros feitios.
Foi num destes verões que ouvi, pela primeira vez, palavras de Jorge de Sena ditas por um amigo que fazia um programa noturno na rádio em Faro. O que ouvi deixou-me numa espécie de alerta. Não sabia quem era o autor, nem sequer o meu amigo disse o seu nome, mas tão só que eu haveria de descobrir estas palavras quando fosse ocasião para isso.